Neste artigo, vou falar daquele rival que todos os jogadores de poker gostariam de enfrentar constantemente.
Partindo desta premissa, e levando em conta que já não somos iniciantes, não podemos pensar só na nossa mão, mas no possível range dos nossos adversários. Começamos a classificar os nossos rivais em passivos, agressivos e maníacos. Ok, existem subdivisões dentro dessas divisões, mas debater isto neste artigo é irrelevante.
Aqui vamos pensar no adversário ideal, aquele que queremos ter sempre nas nossas mesas.
Inicialmente, creio que é fundamental que não entenda os fundamentos e conceitos mais básicos do poker. Ou seja, não quer saber da posição, não seleciona adequadamente as suas mãos iniciais, joga da mesma forma contra todos os adversários, sejam competentes ou fracos, nem sequer olha para o tamanho das stacks, enfim, quer é jogar, apostar e sentir a adrenalina que este desporto proporciona.
Em seguida, parece-me que devem ser loose-passivos, ou seja, jogam e envolvem-se em diversas mãos, mas sempre de forma passiva. Em síntese, eles jogam limp, call, raramente fazem raise, e quando o fazem, sabemos que possuem boas mãos. Quando erram o flop, fazem fold. Quando acertam, apostam sizes completamente errados. Eles nunca fazem bluf e são previsíveis. Conseguimos colocá-los exatamente onde queremos sem grandes dificuldades.
Eles pagam sem odds, nem sequer sabem o que são implícitas e jogam todas as mãos, independentemente da posição e do adversário, da mesma forma.
Mais ainda, não entendem a importância da psicologia e da matemática no poker, fazendo tilt após cada bad beat, culpando os dealers e a má sorte pelas suas derrotas. Não acreditam que estudar o jogo possa torna-los melhores jogadores, acham que a mera experiência de mesa é suficiente. Na verdade, nem se dão conta de quanto perdem a longo prazo. Na verdade, talvez prefiram que seja assim.
Não entendem adequadamente o conceito de variância e o quão importante o volume é!
O adversário ideal não se dá conta de que o poker é um jogo em constante mutação e que quem não se prepara e e é pouco dedicado torna-se num alvo fácil numa cadeia predatória extremamente competitiva.
Apesar de serem grandes perdedores, são pessoas agradáveis na mesa, que conversam e são cordiais com todos. Pelo menos entendem a importância de tratar os outros de forma adequada enquanto jogam.
Enfim, se conheces ou jogas contra um adversário como o descrito neste artigo, trata-o bem, elogia as suas mãos quando vencer, estimula-o a continuar a jogar. Sempre que possível, paga-lhe qualquer coisa. Estes são os jogadores que mantêm o poker lucrativo até aos dias de hoje. E, como bem sabemos, o cliente (quase) sempre tem razão.
Daniel Dornelles